terça-feira, 27 de setembro de 2011

Precisamos falar sobre o Kevin


Título original: We need to talk about Kevin
De: Lionel Shriver
Editora: Intrinseca

Para falar de Kevin Khatchadourian, 16 anos - o autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio dos subúrbios de Nova York - Lionel Shriver não apresenta mais uma história de crime, castigo e pesadelos americanos. Arquitetou um romance epistolar onde Eva, a mãe do assassino, escreve cartas ao pai ausente. Nelas, ao procurar porquês, constrói uma meditação sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na criação de um pequeno monstro.
Com argúcia, a mãe relata lembranças de seu relacionamento com Franklin, um americano-padrão. Relembra sua decisão de abandonar suas funções de fundadora e principal executiva de uma bem-sucedida empresa de guias de turismo alternativo. Descendente de armênios e cidadã do mundo, Eva reexamina tudo: desde o medo de ter um filho ao parto de bebê indócil que assustava as baby-sitters. Mostra o garoto maquiavélico que dividia para conquistar. Exibe o adolescente que deixava provas de péssima índole, centrado apenas em sua coleção de vírus de computadores e exercícios de arco-e-flecha, e também a felicidade de ter, depois do primogênito, uma filha desejada e amável.
Exilada em memórias ainda mais tenebrosas que textos de matérias e imagens de documentários, Eva Khatchadourian elenca detalhes sórdidos da trajetória familiar com uma escrita magnética. Não esquece o balanço honesto das perdas e ganhos ao ter uma criança, a confissão de seus próprios desvios de comportamento, os arquétipos paternos das famílias privilegiadas dos Estados Unidos, descendo ao inferno dos subúrbios afluentes.

- Um livro denso, complexo e intrigante. Mexe muito com os valores e emoções do leitor. Sentimos pena de Eva ao se questinar onde errou na criação de seu filho e repulsa por suas atitudes egocêntricas e más. Levanta duas questões pertubardoras: já se nasce ruim ou somos produto do meio? E também se poderíamos odiar nossos filhos?
Mais um ótimo livro que vira filme.

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